sábado, 27 de abril de 2013

Fábrica chinesa - primeira visita

  Ao redor do mundo o que se sabe sobre as fábricas chinesas é: mão-de-obra barata, produção manual, exploração, local de trabalho inadequado, sobrecarga nas horas de trabalho, em resumo péssimas condições para se trabalhar. Mas e aí, é essa a verdadeira situação?
  Já trabalhei em três diferentes fábricas na Japão,a primeira em uma fábrica de roupas com quinze anos, a segunda em uma fábrica de madeiras ainda com quinze e a última em uma fábrica de vidro com 16. Apesar do pouco tempo de experiência em fábricas pude aprender bastante já que sempre fui aquele tipo de pessoa que mais observa do que fala. Trabalho repetitivo, cansativo, entediante e chato de se fazer.
  Assim que vim pra China sempre tive vontade de conhecer uma fábrica chinesa de preferência alguma indústria de bens de produção, a vontade de conhecer uma fábrica eu ''matei'' não foi uma indústria final, foi uma fábrica de tubos de aço de carbono mas mesmo assim deu para matar a curiosidade.
  Logo na entrada da fábrica avistei pequenas construções feitas de tijolo, eram simples e mal acabadas e pude perceber claramente que era o local para refeição e descanso. Adentrando no barracão onde é feita a produção senti falta dos equipamentos para segurança que não foi obrigatório apenas alguns minutos depois da nossa entrada e vi que um dos oito trabalhadores estavam sem o capacete de segurança também mas, não por falta de equipamentos e sim pela falta de vistoria.
  A era do trabalho manual já se foi, deparei-me com máquinas iguais às que eu via no Japão e pouco tempo depois a revelação essas máquinas são desenvolvidas no Japão trazidas por industrias japonesas e assim passaram a ser produzidas na China.
  Nos trabalhadores, vi a expressão de cansaço, tristeza por causa do trabalho pesado e intenso, roupas sujas e rasgadas.
  Essa foi a impressão que tive da primeira fábrica que visitei, foi rápido, não mais do que uma hora entre a visita à linha de produção e conversas sobre diversos assuntos que tive com pessoas de diversos departamentos. Nas próximas semanas visitarei mais duas ou três fábricas e assim poderei compará-las e ter uma visão mais concreta de como realmente é.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Que continue dando certo.

   Nos últimos dois anos posso dizer que tudo vem dando certo, desde os pequenos detalhes sem nenhuma exceção...mas principalmente do ano passado para cá as coisas tomaram um rumo totalmente diferente e foram aparecendo oportunidades atrás de oportunidades.
   Queria agradecer a todas a pessoas que conheci e a todos os acontecimentos que ocorreram. Quando eu digo a todos eu me refiro desde pessoas que sempre estiveram ao meu lado até as pessoas que um dia chegaram em mim e falaram "não dá, esquece isso é impossível'' e principalmente para aquelas que chegaram em mim e falaram "você não vai conseguir", pois foi isso que no fundo sempre me deu força para seguir em frente e mostrar que é possível e, se eu quero, eu consigo...aquele sentimento de um dia, não importa quanto tempo depois, mas só de poder olhar e falar "viu? eu consegui." era bem forte.
   Vim com o objetivo de estudar chinês por um ano, mas com o passar do tempo acabei tomando outras decisões. Não me arrependo de ter trocado horas com amigos pelo trabalho, muito menos de ter jogado o último ano do colégio pro ar e contar com a sorte, vejo vídeos e fotos do pessoal em Okinawa queria ter ido, mas também não me arrependo.
   Desde quando decidi tentar a faculdade de comércio e economia international na China eu passei a cometer "loucuras". A prova de HSK 5 (uma prova que determina a sua "fluência" em chinês) acho que foi a maior delas. Tive um mês para estudar como se fosse matéria de um ano, foram 2,500 palavras novas e dezenas que gramáticas das quais não sei usar até hoje. Passei a fumar algumas...muitas vezes para assim poder estudar mais horas por dia (mãe, você vai me xingar quando ler isso mas fica tranquila que já parei há muito tempo e também passei na prova - menos mal).
   Durante as férias de inverno trabalhei e finalmente terminei o terceiro e último ano do colegial. Voltei para a China, entrei em contato com algumas universidades e ontem recebi a resposta que fui aceito na Beijing Union University para estudar International Business and Economy bachelor's degree e que agora só falta pagar a taxa de matrícula e a mensalidade referente a um semestre para que saiam os últimos papéis que preciso.
   Tenho alguns dias para poder decidir se vou ou não para essa universidade, sendo sincero não sei nada sobre ela, preciso buscar informações para então poder decidir e se caso dê tudo certo, começar a faculdade e os últimos quatro e longos anos de estudo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Como dois irmãos..

    Semestre acabando, um ano se passou. Muitos estão voltando para seus países, continuarão seus estudos na faculdade, alguns tentarão entrar em alguma, outros vão em busca de um emprego. Vim falar neste post sobre duas pessoas ou melhor ''irmãos'' que achei, perdidos, assim como eu aqui na China.


    Durante esses oito meses que estive na China além de histórias, amigos e experiências posso dizer que conheci duas pessoas que levarei para sempre. Se durante esse tempo eu tenho alguém para chamar de irmão pode ter certeza que são vocês dois David e Alejandro.
    Desde a primeira vez que nos encontramos no bar nos demos bem, formamos aquele trio inseparável, saímos, viajamos, jogamos, fomos para festas e vivemos cada histórias.
    Lembra David de quando eu estava sem lugar para dormir, de quando fomos para a UNIQLO, de quando eu não sabia o endereço da minha casa, de quando pensamos que você tinha morrido e fomos na sua casa às meia noite de domingo para segunda.
    E você Alejandro, lembra das vezes que encontrávamos no Helen's, dançávamos, cantávamos, conversávamos...das festas e principalmente da viagem que fizemos no Japão, em Osaka e Kyoto.
    Sempre ajudamos um aos outros, fizemos aquela amizade que aonde você for não pode faltar.
    Acaba aqui este capítulo na espera de um novo. Como diz David: ''Se você quer uma vida de estudante vá para Washington D.C, se você busca uma vida noturna agitada vá para New York City...'', então espero poder encontrá-los daqui alguns anos em NYC e poder escrever mais um capítulo da nossa amizade.
    Lembro da frase que usamos quando me formei em 2009: ''Amigo é uma coisa que se carrega no lado esquerdo do peito''. Pode ter certeza que vocês estarão lá.





    This semester is going to finish, one year had already passed. Many friends are going back to their countries, some will keep studying at the university, some of them will try to enter in a university and others will start trying to find a job. In this post i came to talk about two people, or better "brothers" that I found lost like me, here in China.
    During eight months I have been in China, expect stories, friends and experience I can say I found two people who I will remember my whole life. If in all this time I have someone to call 'bro' you can be sure they are both of you, David and Alejandro    From the first time we've at the bar, we've started a good friendship, we were the unsplittable triangle. We went out, travelled, played, went out to alot of parties and lived many stories together.    Can you remember, David, when I was without place to sleep, when we went to UNIQLO, that day that I didn't even remember my address, when I thought you were dead and I went to your home at midnight.    And you, Alejandro, remember the times we met at Helen's, we singed, danced, talked.. about the parties and mainly the trip we went in Japan, at Osaka and Kyoto.    We even helped each other when necessary, we were the kind of friends that wherever you go can not miss.
    
    Finishing here this chapter and waiting for a new one. How David says: ''If you are searching for a student life be sure you must go to Washington D.C, if you look for a night life go to New York City...'' so I hope to meet you in few years in NYC to write one more chapter of our friendship.
    I remember the phrase we used when I graduated in 2009: ''Friend is something to carry at left side of the chest''.


 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Retro 2012 - Se o mundo tivesse acabado, eu não me arrependeria

    Depois de passar o ano de 2011 resumindo-se em: primeiro semestre - estudo e namoro, e o segundo em  - estudo e trabalho, posso dizer que 2012 foi mais do que especial, fez nascer uma nova pessoa.
    Não da para querer começar falando diretamente sobre 2012, sem deixá-los entender um pouco sobre o que passava na minha cabeça durante o final do ano passado...pois bem, foi um ano comum até a metade quando comecei a trabalhar, conciliar estudo e trabalho não foi fácil até porque eu estava trabalhando seis dias por semana até que chegou o final do ano que havia-me decidido em voltar para o Brasil no dia 04 de janeiro deste ano, passagem marcada, planos feitos até que meu pai chega e me fala: ''Chegou uma carta para você, veio da China e eu estava escondendo-a durante alguns dias''. Pô, nem me lembrava que logo quando voltei de viagem da China tinha mandado todos os papéis tentando uma vaga para estudar chinês até porque haviam se passado mais de 6 meses. Não sabia se eu o xingava ou se agradecia pela sinceridade, mas tudo bem, não sei até hoje se a carta chegou antes ou depois de ter comprado a passagem. Larguei o colegial e passei dezembro e janeiro me dividindo em dois trabalhos - na fábrica durante a semana e no The Amigos durante os finais de semana, pude guardar um bom dinheiro.

                                         25 de Fevereiro de 2012 - Foi quando tudo começou...
    Vim acompanhado da minha mãe, dizia meu pai que mais vale a experiência do que a juventude. Estava-o certo, mas só valeu a companhia porque a experiência não estava servindo muito, momentos em que eu já não sabia mais o que fazer eu olhava para ela e lá estava ela na cama comendo os kilos e kilos de frutas que comprava todos os dias e ainda falava ''se vira, é você quem vai morar aqui durante um ano''...enquanto eu estava a colocar foto no dormitório, tentando me comunicar com a chinesa (comunicação feita era: eu falava em inglês e ela me respondia em chinês). E quando falei com meu pai por Skype pela minha vez, a primeira frase foi "me tira dessa merda de país, estou indo comprar a passagem e volto para o Japão segunda-feira junto com a mãe". Lembro-me claramente da segunda-feira em que ela foi embora, foi naquele dia em que todos os sentimentos, bons e ruins vieram e quando realmente me dei conta da 'cilada' em que estava entrando.
    Houve vários dias em que chorei antes de dormir ou rezava pedindo por algo, era normal, passei um mês apenas estudando durante esse mês a solidão foi a minha maior companhia, todas as vezes que chegava em casa já ligava para minha família, só para ter alguém para conversar - vi a importância da família ao seu lado, apoiando-te - até que comecei a sair para bares e restaurantes aí vieram os novos amigos, novas histórias, novas pessoas... Estudava a semana toda para sair na sexta, tinha ótimas notas, nas tarefas, nas provas e nunca me atrasei ou perdi nenhuma aula fatores que fizeram eu receber o reconhecimento da escola. Não queria nenhum relacionamento, lembrava me da palavra "foco" que a Tayná havia me dado no meu último dia de escola na Hiro.
    Estava conseguindo até que em uma dessas festa de aniversário conheci alguém, conversamos bastante durante a festa, nos entendemos bem e pouco antes de acabar recebo o convite para ir para a disco, fiquei de pensar mas no final acabei topando. Dançamos a noite toda (estanho, eu dançando? é a vida) e pouco antes de pegar o meu caminho de volta para casa trocamos o numero de telefone e fui. No sábado, marcamos um almoço na segunda, obviamente sem segundas intenções faltava apenas um mês para o semestre acabar e a diferença de idade que são de nove anos, ou seja, amizade e nada mais.
     Passei esse último mês como estava acostumado a passar até encontrar minha mãe novamente em Beijing e depois voltar para o Japão.
    No Japão pude encontrar meu irmão, meu pai, amigos e professores. Trabalhei durante os dois meses que fiquei lá, juntei mais dinheiro, fui para Osaka e Kyoto com o pessoal da China. Um mexicano, australiano, japonês, brasileiro e uma coreana todos andando pelo Japão falando chinês foi estranho, mas foi uma das melhores viagens que tive até hoje.












                                 
                                         3 de Setembro de 2012 - Começa o segundo capítulo


    Ao chegar para o segundo semestre de estudo tinha na minha cabeça que estudar seria meu foco, mas que gastaria mais tempo com o pessoal, fazendo novas amizades e conhecendo mais lugares. Na teoria tudo seria perfeito, mas ao chegar deparo com o primeiro problema: não havia mais vagas no dormitório, já eram 6 horas da tarde e ainda não havia lugar para dormir. Após rodar muito pela universidade pedi emprestado o celular de uma chinesa, e consegui ligar para a Carol que estava tentando alugar um apartamento para ela, ótimo eu só deveria atravessar a universidade tem todas as malas e tentar encontrá-la para e ir para a agência, não haviam nada para aquele dia. Encontrei o David que me deu as chaves da casa da Marina e enfim um lugar para dormir, teria até sexta para encontrar algo. Consegui mudar me parar o dormitório, mas iria dividir com um coreano que passou a primeira noite toda gritando e falando palavrão, encontrei duas japas e resolvemos alugar um apartamento e dividir o aluguel, estava todo feliz, sair do dormitório, mudar para uma casa, e o preço do aluguel nada mal. Pouco tempo depois já bateu o arrependimento, pediram para trancar o gás, proibindo me até de fazer o ovo frito quando necessário.
    Estudar durante a semana e sair na sexta continuava sendo meu modo de pensar, divertia-me muito e reforçava as amizades.
    Lembra da garota que conheci na festa de aniversário no primeiro semestre? Mantínhamos contato durante as férias e depois que voltamos para cá passamos a conversar com maior frequência e sair também. Deixamos claro que acima de tudo a amizade era boa e por isso nada aconteceria entre nós e dentro de dois meses eu teria a prova de chinês nivel cinco e ela que escrever a tese além de muitas outras coisas, continuei fazendo amizades, curtindo. Porém uma semana depois passamos do ''nada pode acontecer'' para a amizade colorida.

    Mas não foi por isso que acabaram as histórias, David e Alejandro continuaram me colocando em cada situação... David me fez ir as compras, pegamos o ônibus e passamos nada menos do que DEZ estações de onde deveríamos descer, pegamos outro e passamos a 800 metros do local. Andamos em busca dos presentes, achamos porém ele não sabia o tamanho das roupas, ligou para a Colômbia as 4 horas da manha para perguntar aos pais... Ótimo parecia que tudo estava resolvido, até o momento em que cartão de crédito não queria funcionar, desistimos e voltamos para a universidade. Alejandro por sua vez me fez passar por ''gay'' e ele, como meu ''namorado''. É claro que não rolou beijo nem nada, mas tivemos que dançar fazendo assim com que acreditassem, nada adiantou...coloquei toda a nossa atuação por água abaixo quando beijei a garota com qual estava tendo a amizade colorida. Vi a importância de conhecer a cultura ou hábitos do país/local em que você vive, aprendi que na Coréia e na China quando se aceita o convite para ir ao cinema é mesma coisa que aceitar um pedido de namoro...
    Quem pensa que durante esses oito meses que estive na China aconteceram apenas coisas boas como: boas histórias, novas pessoas, novas experiências está muito enganado. Foram vários os momentos em que pensei em desistir, voltar para a casa e continuar aquela minha vida normal e sem graça. Foram muitos os momentos em que chorei, estressei, desesperei, ligava para minha mãe e falava: ''mãe me ajuda, já não sei mais o que fazer!'' (podem ler um pouco mais sobre isso nos posts anteriores que fui escrevendo durante esse tempo). Alguns amigos que hoje estão no Brasil ou no Japão sempre me ajudaram, me apoiaram e falaram ''vai em frente'' isso com certeza ajudou bastante.
    Lembro me da quinta feira em que estava nervoso e peguei a bicicleta às dez horas da noite, o mapa e sai para ''passear'' durante a cidade. Acabei me perdendo e voltei para casa as três horas da manha.


             ''Ninguém disse-te que seria fácil, pelo contrário as dificuldade que você encontraria seriam cada vez maiores. No fundo você sabe: tudo que vem fácil, vai fácil não tem aquele 'gostinho' de conquista, então levante a cabeça, estufa o peito e segue em frente. Daqui algum tempo você vai poder falar que valeu a pena, tudo o que você fez não foi em vão, terá mais histórias para contar e se orgulhará disso. Cada preocupação, cada 'loucura' que você fez ficaram registrada na sua memória.''



    Antes de vir para China me lembro muito bem do que meu pai disse: ''No Brasil você tem seus familiares, amigos, pessoas que você já conhece e que irão sempre te ajudar, o que fará com que sua readaptação seja mais fácil e rápida, você tem a China, um país que você conhece pouco, esteve lá por 4 dias e gostou, não conhece ninguém, não conhece ''nada'', muitos menos o idioma e tradições. Você tem um caminho fácil e um difícil, o fácil é o que todos querem seguir, mas se você for pelo difícil e vencer tenha certeza que valerá mais apena principalmente se você seguir no ramo do comércio exterior como você diz querer seguir, são muitos os empresários que estão de olho na China, o mundo todo hoje volta seus olhos para lá.''


    De certo modo eu acho que ele estava certo, afinal ele passou um ano e meio no Japão sozinho, sabe um pouco o que é isso, o que você sente, suas dificuldades.

    Aprendi muito durante esse ano, aquele garoto que cometia erros bobos cresceu, penso em todas as vezes que errei e hoje falo ''como eu era idiota'' e que poderia ter usado um pouco mais a cabeça, a inteligência e não teria errado. Mudei minha visão em relação ao mundo, aprendi que são as pequenas coisas que mais valem a pena, que dinheiro não é tudo, amizades não se encontra em qualquer lugar serão poucos os que estão ao seu lado ajudando-te, aprendi que um dia você cresce, sai de casa e depois de algum tempo sente falta do quarto arrumado, da roupa lavada, da comida na mesa, aprendi que muitas vezes mais vale calar-te e observar do que abrir a boca e falar coisas sem ter razão, assim como aprendi que muitas vezes é preciso falar mais alto, expressar sua opinião do que simplesmente calar-te, aprendi que momentos passam, memórias ficam e oportunidades precisam ser aproveitadas.
    Se perguntarem me ''valeu a pena?'' certamente falarei que sim, são poucas as pessoas que têm essa oportunidade como eu tive e estou tendo. Final do ano chegando...começo a fazer meus planos e objetivos para 2013. Uma coisa é certeza volto para o Japão dia 02 de janeiro para terminar o colegial, ver a família, amigos, professores e dia 18 de fevereiro volto para a China e começo a terceira parte dessa viagem, aventura, loucura sei lá podem chamar do que quiser.

    E sabe aquela frase ''só lá na China''? Então, foi nesse país que encontrei tudo o que estava precisando, talvez o caminho certo a seguir durante os próximos anos...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nada mais do que mais uma entre muitas experiências

    Sempre soube da grandiosidade de uma grande empresa, da sua importância, da influência que ela exerce na cidade, no pais ou até mesmo no exterior, hoje pude sentir na pele um pouco mais o que é isso.
    Visitei uma das grandes trade comercial aqui de Tianjin e tive uma proveitosa conversa com o diretor comercial da área de exportação, incluindo toda aquela formalidade e seriedade 'comercial'.
    Sempre tive interesse pelo comércio e pelas relações internacionais, vindo para a China apenas confirmei o que já sabia; o desejo de seguir na área de comércio exterior.
    Foi sem dúvida alguma uma grande experiência, ver toda a estrutura interna de uma empresa daquele porte, seus departamentos, seus serviços prestados, seus trabalhadores...Fiquei realmente muito impressionado, quando entrei na sala de reunião para ter a conversa confesso que a perna tremeu e por um segundo tudo parou, até mesmo o tempo. Durante a conversa o mais difícil foi manter a formalidade - coisa que além de não té-la, eu odeio - junto com os sentimentos (nervosismo, ansiedade, medo, desespero...).  Minha vontade era bombardeá-lo de perguntas, tirar todas as minhas dúvidas e matar todas as minhas curiosidades sobre uma multinacional e não ficar apenas nas perguntas como ''estilo de roupa com que trabalham'', ''quantidade mínima'', ''como transportam'', ''aonde possuem filiais'' ...
    Mas o mais importante foi, poder ver que o comércio não se trata apenas de comprar e vender, envolve também o primeiro contato, primeiro encontro, o que falar e o que não falar, sobre tudo saber ter o seu auto controle. Estava lendo a página do ''Geração de Valor'' e do "Eike Batista" sobre comércio e auto controle e vi que isso pode mudar totalmente o rumo de uma transação afinal, a primeira impressão é a que fica, certo?
    Era um jovem de 17 anos sentado em uma cadeira, fazendo perguntas e querendo mais e mais informações e na outra cadeira um senhor de seus 60 anos, com toda a experiência, calma, sabedoria de como agir nessa situação, apesar de toda a "pressão" que senti durante a conversa eu sentia-me também confortável, não tinha vergonha em perguntar e escutar, observar quando preciso...talvez porque estava a discutir um assunto do qual me interesso, do qual prende a minha atenção. Tudo na vida tem uma primeira vez, e acho que dessa vez eu tirei uma nota 60...
    

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Dois meses se passaram.

 Nem parece, mas já são três meses de China desde quando eu voltei. Posso dizer que desta vez o tempo passou mais rápido do que eu esperava - mais um mes e estou de volta no Japão - não como na primeira vez que cada dia era uma tortura, saudade da família, dos amigos, das pessoas que estavam longe.
 Durante esses dois meses que estava ausente muitas coisas aconteceram - coisas boas e coisas ruins, feriado, festas, provas, banheiro quebrado, bar, namorada. Vou tentar fazer um breve resumo sobre o que aconteceu durante esses dois meses.
 Basicamente no começo, todas as sextas feira à noite poderiam me encontrar em algum bar fazendo novas amizades, conversando e depois balada. Até que decidir entrar no curso de logistica, depois do curso de logistica uma prova de chinês nivel 5 e por final frequentar as aulas de preparação para a prova de nivel 5. Até ai tudo bem, estava de matando de estudar, me dividindo entre 3 cursos (2 de chinês e 1 de logística), com isso obviamente meus finais de semana passaram a ser apenas em casa... Passei outubro e novembro assim, até que o meu querido professor marca o TCC  para o dia 04 de dezembro, a prova de chinês para o dia 02 de dezembro e eu viria para Beijing 03 de dezembro em busca das universidades. Fazer TCC, dois cursos de chinês e ainda planejar a viagem para Beijing seria algo impossível.
 Resultado: desisti da aula de logística, passei a virar noites em claro para estudar a palavras chinesas e sentir a confianca de que poderia passar na prova marcada para o dia 02. Pois bem, chega a semana da prova e com ela os problemas, pagar o próximo semestre na escola, provas nos curso de chinês e a falta de energia em casa, visto que está para vencer, 备查卡 (beichaka), novo apartamento, viagem para Beijing, prova de nivel 5, bom acho que mais nada. Dando um passo de cada vez, comecei a estudar para as provas no curso de chinês, acabei que consegui boas notas e deu tudo certo. Pagar a taxa da escola foi facil, mas me custou tempo (ir ao banco, trocar dinheiro, conferir, ir para escola e esperar a boa vontade deles.), Energia...me cobraram 14 mil por 3 meses! Impossível, eu não paro em casa. Mas depois fui descobrir que minhas flatmates possuem aquecedor e lembrei que elas usam o secador de cabelo por meia hora umas duas vezes por dia cada uma, sem nada a fazer tive que de pagar. Com isso surgiu o problema moradia, uma das japonesas está indo embora, ou seja o preço do aluguel irá subir, não quero continuar a morar naquele apartamento com a outra japonesa e pagar um absurdo de contas. 备查卡 é o cartão o qual todo estrangeiro que mora fora da universidade deve ter e mesmo depois de três meses eu ainda não tenho e sem este cartão você fica impossibilitado de dar entrada no visto. Viagem para Beijing, bem reservei o primeiro hostel que encontrei, ou seja estou aqui hoje escrevendo esse texto em um quarto o qual irei dividir com mais 5 pessoas (detalhe homens e mulheres juntos).
 Consequencia disso tudo: problemas resolvidos mesmo eu tenho apenas a taxa da escola paga e a prova de chinês que tirei boas notas porque a energia quem pagou foram as japonesas - eu não tenho dinheiro trocado e foi numa sexta feira de noite, não haveria a mínima possibilidade de trocar dinheiro no final de semana. O visto não sei quando darei a entrada, tenho que conseguir esse tal do cartão aí sim conseguir os papeis para dar a entrada no visto. Em relações ao cartão não tenho fotos, cópias do passaporte e provavelmente terei de pagar uma multa milionária, novo apartamento eu vou alugar o da Marina - sim aquele mesmo que eu fiquei quando cheguei na China sem casa para morar - quando e como não sei, provavelmente deixe o dinheiro com ela ou com a Sissi antes de voltar para o Japão, Beijing estou aqui pensando em voltar para casa o mais rápido possível e a prova de nível 5 que eu tanto estudei, nem me fale foi uma desgraça!
Nínguem disse-te que seria fácil, pelo contrário as dificuldades que você encontraria seriam cada vez maiores. No fundo você sabe: tudo o que vem fácil, vai fácil. não tem aquele 'gostinho' de conquista, então levanta a cabeça, estufa o peito e segue em frente. Daqui algum tempo você vai poder falar novamente que valeu a pena, tudo o que voce fez não foi em vão, terá mais histórias para contar e se orgulhará disso. Cada preocupação, cada 'loucura' que você fez ficaram registrada na usa memória.